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População de Campo Alegre de Lourdes: Entre a Cruz e os Ladrões





Última atualização 02/08/2018, às 13:34
População de Campo Alegre de Lourdes: Entre a Cruz e os Ladrões

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A população de Campo Alegre de Lourdes está desassistida: falta água de qualidade, falta segurança, falta estrada, falta o mínimo necessário para se ter uma vida decente e digna. As mazelas são muitas. Os políticos honestos são poucos

Os Ladrões

Há mais de uma década, o único banco da cidade, Banco do Brasil, vem sofrendo uma série de assaltos. O mais recente ocorreu no dia 23 de fevereiro, deixando a agência fechada por quase um mês. Os transtornos causados à população são inumeráveis. O principal deles foi a locomoção para a cidade mais próxima para poder utilizar os serviços bancários.

A superintendência do banco já havia alertado as autoridades governamentais, pedindo mais segurança e reforço policial; o que tem acontecido de forma precária. Para se ter uma ideia, apenas uma dezena de agentes da polícia atende os trinta mil habitantes do município. Ainda assim, esses policiais não têm o apoio necessário da administração pública. Até a refeição eles têm de pagar do próprio bolso e de um salário defasado.

Enquanto isso, os ladrões fazem a festa. 12 dias depois do assalto ao banco, invadiram a agência dos Correios; na mesma semana, roubaram uma distribuidora de gás.

Esses foram alguns assaltos evidenciados à mão armada. Porém, ao longo da história do município, outros tantos ladrões desarmados vêm assaltando a população de forma oculta e anônima; estes, assolam o país e detonam os cofres públicos.

Uma moradora do município, que não quis revelar sua identidade, disse que está com medo, e teme novos assaltos. Em estado de choque ela desabafou que não consegue entender como a cidade está largada, e refém do medo.

 A cruz

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Campo Alegre de Lourdes está no centro do mapa  do Nordeste, situada ao norte da Bahia, na divisa com o Piauí. Com cerca de 30 mil habitantes, está isolada, castigada pelo polígono da seca e pela irresponsabilidade de políticos que aparecem somente de 4 em 4 anos para pedir votos e fazerem a famosa promessa: “O asfalto vai ser feito”, “A água encanada está liberada”. Estas, e outras promessas viraram rotinas ao longo de quase meio século, fortalecendo assim a indústria da seca.

Com 53 anos de emancipação política, o município não tem água encanada muito menos rede de esgoto. Não existe estrada. O acesso a cidades vizinhas é feito por meio de estradas não pavimentadas e em estado precário, com exceção do percurso a São Raimundo Nonato, dos quais os 54 km que pertence ao Piauí estão asfaltados, restando 17 km que pertence à Bahia de estrada de terra.

O município não tem Comarca, o único cartório da cidade é vinculado à cidade de Remanso (cerca de 120 quilômetros).

Existe apenas uma única operadora de celular na cidade, que opera de forma precária, ineficiente e desejável. Às vezes fica sem sinal por mais de uma semana.

O desemprego (outra cruz)

PREFEITURA - 900 X 600

 

Muitos jovens que foram aprovados no concurso público ocorrido em 2012 pela Prefeitura Municipal, até hoje não foram chamados para assumirem seus cargos garantidos por lei. Resultado: estão desempregados. Enquanto isso, 40 por cento dos profissionais da área de educação e quase todos da área de saúde, ocupam seus lugares em cargos de confiança e de favores políticos. Os concursados entraram na justiça com um mandado de segurança, há mais de dois anos e até agora não obtiveram nenhuma resposta. Descaso total. Mais uma cruz nas costas da esperança.

A solução

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Para sanar o problema da falta de mais segurança, foi determinado o isolamento da praça 2 de julho (rua do poço). Ou seja, carros não podem adentrar à praça, somente pedestres. Moradores da rua do poço vão ter de adequar-se à nova medida: Quem tiver carro, não poderá sair de casa. Se estiver alguma emergência, terá de caminhar até o outro lado da praça para poder se locomover de automóvel. Para os moradores que dependem da água que é transportada por carroceiros, nestas imediações, terão de ficar sem.

O fato é que, a população de Campo Alegre de Lourdes está desassistida: falta água de qualidade, falta segurança, falta estrada, falta o mínimo necessário para se ter uma vida decente e digna. As mazelas são muitas. Os políticos honestos são poucos. Políticos comprometidos com o progresso quase não existem.

Quantos governantes passaram pelo município, e não fizeram nada?!.

A Cidade está morrendo à míngua, isolada no meio do mundo, e desamparada.

Mas tudo pode mudar, quem sabe, no dia em que seus habitantes resolverem ir às ruas para fazerem valer seus direitos, como na década de 80 em que eram constantes as manifestações, protestos.

Naquela época, quando o Banco do Brasil funcionava como PAB, pertencia a Remanso, o povo foi às ruas gritando: “queremos nosso banco”.

A Reflexão

Por que as cidades vizinhas que pertencem ao estado do Piauí, são mais desenvolvidas com asfalto e têm infraestrutura melhor?

Campo Alegre de Lourdes, talvez seja o único município Baiano em estado de abandono total.

Será que para o progresso chegar a esta Cidade, esta terá que ser inserida ao estado do Piauí?

Quantos anos mais levarão para o progresso chegar?

Quantos políticos mais terão de enganar a população, até que surja um único honesto?

Recentemente, uma comissão do “Legislativo”, formada por alguns vereadores, foi a Salvador reivindicar mais segurança. Foi preciso acontecer mais um assalto, deixando o banco fechado por um mês, para os tais representantes se mobilizarem, ou simplesmente cumprirem com suas devidas funções.

Quanto tempo mais levará, para surgir melhor condição de vida à população?

Até que novos bandidos apareçam? Ou os antigos desapareçam?

 




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