Da redação
A senhora Anatalina Francisca de Sousa de 98 anos passou por humilhação no município de Campo Alegre de Lourdes, ao tentar tirar o documento de identidade na Unidade de Serviço da Junta Militar.
Tudo começou quando a senhora aposentada teve de comparecer à única agência bancária da cidade, Banco do Brasil, para atualizar seu cadastro a pedido do gerente do banco.
Ao chegar na agência, dona Anatalina foi surpreendida com um erro de grafia no nome de sua mãe nascida ainda na década de 40 do século XIX. Diante do fato, ela teve de tirar uma nova carteira de identidade para corrigir o erro. Começa então o suplício para a senhora de 98 anos, que teve de se deslocar de sua casa e enfrentar filas e sentir o desgaste físico.
Ela mora no povoado sítio Estêvao, mais conhecido como Jurema do Arthur, nome dado em homenagem ao seu esposo falecido há 33 anos. O povoado fica distante da sede do município 30 quilômetros e leva em média 1 hora de viagem.
Anatalina enfrentou a fila no serviço da junta militar 4 vezes consecutivas. Chegava ainda de madrugada na cidade, e aguardava a distribuição das senhas que começa às 08:00hs da manhã. Por dia, são distribuídas apenas 10 senhas para atendimento. Porém, para quem está na fila apenas 8 senhas são entregues. As outras duas ninguém sabe o destino. Será que vão para as mãos da prefeita, para ela distribuir conforme seus interesses pessoais?
As pessoas chegam ainda de madrugada para tentar conseguir uma senha. A Junta Militar funciona apenas meio período, e tem dois funcionários no atendimento. Mas, apenas um efetua o cadastro de emissão das carteiras de identidade. O tempo gasto em média para atender cada pessoa é de 40 minutos.
Depois que a senhora Anatalina conseguiu solicitar o documento, esperou mais de quatro meses e não conseguiu recebê-lo.
Consequência
Durante o tempo que aguardou o recebimento da carteira de identidade, ela ficou sem receber sua aposentadoria, dependendo da ajuda de amigos e parentes para cobrir suas despesas com alimentação e remédios.
Quando finalmente, percebeu que o documento não chegaria, Anatalina resolveu fazer a solicitação no estado do Piauí. Ainda assim, teve de pagar certo valor para agilizar a emissão do documento. Todo o contratempo levou 5 meses.
Quanto descaso para uma senhora que está quase no fim da vida!
Além da dificuldade para conseguir carteira de identidade, em Campo Alegre de Lourdes, o município também não dispõe de nenhum serviço para emissão de carteira de trabalho.
Solução
Para a prefeitura disponibilizar o serviço de emissão de Carteiras de Trabalho é preciso fazer uma parceria (convênio) com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia (SRTE/BA) no seguinte endereço:
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080814B2784E5014B5B2FBB2165C0/BOLETIM%20CONVENIO%20CTPS.pdf
Para melhorar o atendimento na unidade de serviço da Junta Militar, é preciso aumentar a carga horária dos dois funcionários e contratar mais pessoal, de forma a ampliar a unidade.
Qual o custo financeiro para isso?
Por que a prefeitura não tem interesse em melhorar o serviço?
Será que é falta de dinheiro? Ou desprezo para com a população?
Esse fato também não consta no jornal da prefeitura que circula pelas ruas.
Ontem, a humilhação aconteceu com a senhora Anatalina. Amanhã pode ser com você ou com algum parente seu.
Até quando, tanto descaso em Campo Alegre de Lourdes?
Sou natural de campo alegre, hoje resido em juazeiro da Bahia. Ao sair da minha cidade natal, como não poderia ser diferente me entristeci, hoje vejo que não poderia ter tomado decisão melhor. . de certa forma tenho pena da população e ao mesmo tempo repúdio ao sistema implantado nessa cidade, me envergonho em ler e ter conhecimento de que fatos como esses acontecem de forma descarada e covarde. Uma idosa nunca deveria pegar fila em qualquer lugar que fosse, muito menos ter que passar por uma burocracia ridícula como essa para receber um atendimento precário e irrisório. Lamentável o andamento político e social do município.