Da redação
Pedro da Silva Ramos, popularmente conhecido como Pedrão. Para os mais próximos “Pedrão do rabo solto”. Cidadão campoalegrense, morador do povoado Sítio Novo, faleceu aos 78 anos, na véspera da páscoa, depois de peregrinar sua via-sacra pessoal no Hospital Municipal de Campo Alegre de Lourdes. Ele chegou ao hospital na sexta-feira santa em busca de atendimento. Depois de desenganado pelo plantão médico e por um atendimento duvidoso, entre as enfermeiras que discutiam quem iria acompanha-lo na ambulância rumo a Juazeiro, Pedrão terminou não resistindo suas primeiras horas na cidade de Juazeirense. Começava naquele momento a realização de sua páscoa.
Entre as diversas manifestações de carinho à memória do saudoso Pedrão vamos destacar o texto publicado por seu amigo Zelinho Sena.
Nesta edição você pode acompanhar também vídeos com depoimentos, histórias e causos relatados por Pedrão, registrados no mês de janeiro de 2018 pelo jornalista Josué Mariano quando de sua visita ao amigo.
A PÁSCOA DO AMIGO PEDRÃO
Por Zelinho Sena
Nas primeiras horas do sábado santo, 31/03/2018 faleceu Pedro da Silva Ramos (Pedrão). Ele era trabalhador rural, agente pastoral leigo, animador da comunidade do Sítio Novo – Campo Alegre de Lourdes, membro – fundador do Partido dos Trabalhadores de Campo Alegre, por isso era conhecido como Pedrão do PT. Descontraído, animado no trabalho pastoral percorria às comunidades rurais, andando de bicicleta. Sua ação missionária despertava a consciência do povo na formação e animação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e tinha o reconhecimento de seus pastores. Dele dizia Dom José Rodrigues: “O Pedrão é um exemplo de missionário.”
Realmente ele anunciava o Evangelho com a palavra e com a vida. Foi fiel à fé em Jesus Cristo, fiel às suas origens e fiel ao ideal de uma sociedade justa e igualitária.
Na tardezinha do sábado santo na Comunidade do Sitio Novo aconteceu o seu sepultamento, quando o povo cantou uma canção que ele cantava com o povo nas comunidades. A música tem o título: Espinheira, entoada pela dupla sertaneja Duduca e Dalvan, cuja letra transcrevo:
“Eta, espinheira danada
Que o pobre atravessa pra sobreviver
Vive com a carga nas costas
E as dores que sente não pode dizer
Sonha com as belas promessas
Da gente importante que tem ao redor
Quando entrar o fulano
Sair o ciclano será bem melhor
Mas entra ano e sai ano
E o tal de fulano ainda é pior
Esse é meu cotidiano
Mas eu não me dano pois Deus é maior
O mundo não acaba aqui
O mundo ainda está de pé
Enquanto Deus me der a vida
Levarei comigo esperança e fé
Mas o mundo não acaba aqui
O mundo ainda está de pé
Enquanto Deus me der a vida
Levarei comigo esperança e fé
Eta, que gente danada
Que esquece de vez a palavra cristã
Ah, eu queria só ver
É se Deus se zangasse e voltasse amanhã
Seria um Deus nos acuda
Um monte de Judas querendo perdão
Com tanta gente graúda
Implorando ajuda com a Bíblia na mão
Mas a esperança é miúda
E a coisa não muda, não tem solução
Nem tudo que a gente estuda
Se agarra e se gruda, arrebenta no chão”
Pedrão acreditou e sonhou com um mundo mais justo.
Hoje só resta dizer a morte não é o fim. A luta continua!
“O mundo não acaba aqui.”
Devemos levar “Esperança e Fé”.
Ao amigo Pedrão dizemos: Repouse em Deus!
Fotos e vídeos: Arquivo pessoal de Josué Mariano.