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Campo Alegre de Lourdes perde um agricultor, missionário e irmão





Última atualização 15/04/2018, às 00:14

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Da redação

Pedro da Silva Ramos, popularmente conhecido como Pedrão. Para os mais próximos “Pedrão do rabo solto”. Cidadão campoalegrense, morador do povoado Sítio Novo, faleceu aos 78 anos, na véspera da páscoa, depois de peregrinar sua via-sacra pessoal no Hospital Municipal de Campo Alegre de Lourdes. Ele chegou ao hospital na sexta-feira santa em busca de atendimento. Depois de desenganado pelo plantão médico e por um atendimento duvidoso, entre as enfermeiras que discutiam quem iria acompanha-lo na ambulância rumo a Juazeiro, Pedrão terminou não resistindo suas primeiras horas na cidade de Juazeirense. Começava naquele momento a realização de sua páscoa.

Entre as diversas manifestações de carinho à memória do saudoso Pedrão vamos destacar o texto publicado por seu amigo Zelinho Sena.

Nesta edição você pode acompanhar também vídeos com depoimentos, histórias e causos relatados por Pedrão, registrados no mês de janeiro de 2018 pelo jornalista Josué Mariano quando de sua visita ao amigo.

 

A PÁSCOA DO AMIGO PEDRÃO

Por Zelinho Sena

Nas primeiras horas do sábado santo, 31/03/2018 faleceu Pedro da Silva Ramos (Pedrão). Ele era trabalhador rural, agente pastoral leigo, animador da comunidade do Sítio Novo – Campo Alegre de Lourdes, membro – fundador do Partido dos Trabalhadores de Campo Alegre, por isso era conhecido como Pedrão do PT. Descontraído, animado no trabalho pastoral percorria às comunidades rurais, andando de bicicleta. Sua ação missionária despertava a consciência do povo na formação e animação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e tinha o reconhecimento de seus pastores. Dele dizia Dom José Rodrigues: “O Pedrão é um exemplo de missionário.”

Realmente ele anunciava o Evangelho com a palavra e com a vida. Foi fiel à fé em Jesus Cristo, fiel às suas origens e fiel ao ideal de uma sociedade justa e igualitária.

Na tardezinha do sábado santo na Comunidade do Sitio Novo aconteceu o seu sepultamento, quando o povo cantou uma canção que ele cantava com o povo nas comunidades. A música tem o título: Espinheira, entoada pela dupla sertaneja Duduca e Dalvan, cuja letra transcrevo:

“Eta, espinheira danada

Que o pobre atravessa pra sobreviver

Vive com a carga nas costas

E as dores que sente não pode dizer

Sonha com as belas promessas

Da gente importante que tem ao redor

Quando entrar o fulano

Sair o ciclano será bem melhor

Mas entra ano e sai ano

E o tal de fulano ainda é pior

Esse é meu cotidiano

Mas eu não me dano pois Deus é maior

O mundo não acaba aqui

O mundo ainda está de pé

Enquanto Deus me der a vida

Levarei comigo esperança e fé

Mas o mundo não acaba aqui

O mundo ainda está de pé

Enquanto Deus me der a vida

Levarei comigo esperança e fé

Eta, que gente danada

Que esquece de vez a palavra cristã

Ah, eu queria só ver

É se Deus se zangasse e voltasse amanhã

Seria um Deus nos acuda

Um monte de Judas querendo perdão

Com tanta gente graúda

Implorando ajuda com a Bíblia na mão

Mas a esperança é miúda

E a coisa não muda, não tem solução

Nem tudo que a gente estuda

Se agarra e se gruda, arrebenta no chão”

Pedrão acreditou e sonhou com um mundo mais justo.

Hoje só resta dizer a morte não é o fim. A luta continua!

“O mundo não acaba aqui.”

Devemos levar “Esperança e Fé”.

Ao amigo Pedrão dizemos: Repouse em Deus!

 

JOSUÉ MARIANO E PEDRÃO

 

Fotos e vídeos: Arquivo pessoal de Josué Mariano.




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